domingo, 27 de abril de 2008

Do tempo do lampião!


Daqueles que se abastecia com querosene, do qual se regulava a claridade e o comprimento do pavio num botão. Acendia-se sempre que os galos cantavam e ao anoitecer. O tal lampião era uma versão moderna da lamparina, pois tinha um vidro que o protegia para não apagar, dando a possibilidade de sair nos dias de vento.

O tal vidro do lampião ficava todo esfumaçado e muitas vezes, recebia a incumbência de lavá-lo, o que me deixava com as unhas e as mãos encardidas da fuligem que desprendia do “dito vidro”. Sempre que me era incumbido tal tarefa, já vinha logo o aviso: “Cuidado para não quebrar!!!”

E quem é do tempo do lampião, já sabe que não se mandava duas vezes, quando éramos chamados, prontamente se cumpria às tarefas! Somente perto da década de setenta, que a “tal luz elétrica” iluminou nossas vidas. Não é que não tivesse luz em nossa cidade, tínhamos de geradores, mas era um privilégio de poucos.

Querem saber como se gelava um pudim? Ah, era simples! Depois de pronto, se deixava na forma e baixava-se com uma corda dentro do poço. Algum tempo depois, retirava-se e servia não gelado, mas bem frio! Com as bebidas, era o mesmo processo.

O poço lá de casa, tinha 8 metros, mas parecia que tinha 1 km, digo-vos por que: Além de lavar os vidros dos lampiões, eu tinha a incumbência de tirar água para beber, lavar roupa e enxaguar, molhar as plantas, lavar a casa, lavar a louça e tomar banho, ufa!! Claro que numa versão mais moderna que o da manivela com corda (pois já nasci num tempo de modernidades), a bomba manual nos dava o privilégio de só bombear - com força-, para que a água subisse e jorrasse.

Falar em poço lembrou-me de um senhor que era sempre chamado quando alguém queria fazer um poço. Perito no assunto de descobrir o veio “d’água”, usava uma forquilha onde segurava nas suas pontas menores, até que a mesma “subitamente” virava, indicando o lugar propício para escavação. Ficávamos assistindo o tal senhor, que após indicar e sinalizar o lugar do futuro poço, ainda profetizava a fundura com que o tal poço verteria água. Era um acontecimento e motivo para discussões e comentários: - Mas será que com 6 metros de fundura, vai verter água?

Como nós... “do tempo do lampião”, só podíamos dar nossa opinião quando fosse solicitada, acompanhávamos a escavação em silêncio, palmo a palmo!

Beijos a todos que visitam esse espaço!

11 comentários:

Anônimo disse...

Olá, tudo bom?
O bacana da internet são estas trilhas que se oferecem e que levam a lugares surpreendentes ou não...teu espaço aqui, por exemplo, me surpreendeu pela sinceridade e sobriedade...não serei leviano em dizer-lhe que tudo li...não, leio aos poucos e, creia-me o pouco que absorvi me agradou...
Bom te conhecer...
Até mais!!

Anônimo disse...

Tudo o que tu escreve, faz relação com o meu passado, até parece que fomos criadas na mesma época e cidade....e o mais importante, vivemos as mesmas coisas.
Continua que tá lindo.
te gosto viu menina!!!
Beijos

Anne disse...

Adoro ler essas coisas de quando vc era criança, pq posso imaginar a nossa cidade naquela época...sei que aqui é pequeno e que muitas coisas que gostaríamos aqui ainda não tem, mas gosto demais desse lugar. Acho que tudo o que sou e sei tb tem parte disso aqui tudo, desse sossego e da simplicidade que aprendi a ter, por morar em um lugar como esse.

Adorei o texto, Lu...vc está escrevendo cada vez melhor, orgulhosa de vc por isso e por tudo o que vc é, minha amiga!

Bjos pra vc, te amo!!!

Luiz disse...

êêê...que delicia de texto ! Delicioso ! de comer de bocadinho ! posso perguntar ? Em que cidade do sul era ? beijo

Anônimo disse...

Prima,Prima...coisa boa de lembrar!
Será mania de catarina?
Vivi tudo isto!!
Minha mãe ainda tem um poço,acreditas?
Não é mais usado...mas,continua lá...no fundo do pátio.
Lá em casa,a bomba era elétrica...levava água pra caixa d'agua.
Ainda lembro do som que fazia!
Ontem,fui na casa de minha mãe e ela disse que irá chamar um telentulho pra aterrar o poço...
Sabes que quase tentei impedir?..rs
Tava louca pra dizer..."Mãe,a senhora (ainda chamo assim...rs) não acha melhor deixá-lo?Fazer uma floreira ao algo assim...ele está tão desprotegido!"..rs
Parece que ela leu meus pensamentos,pois disse..."Nem tente me impedir"!...rsss
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Boas lembranças...
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Betin@,tinha poço por lá tbém?
E lampião?
E tronco pros escravos pequenos?..rs
Sim,pq os pequenos sempre faziam as piores tarefas...aquelas que eram negadas pelo mais espertos..rs
Ler�ler�ler�ler�...rs
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Anônimo disse...

Escute,sente aqui do meu ladinho...quero dizer-te algo...
Hoje,tirei um nó da garganta...
Algo que me sufocava...e que precisava ser exorcizado!
Falei de algo que me fez muito feliz...e ao mesmo tempo tanto me magoou!
Queria ter podido desabafar contigo,qdo a lágrima ainda era viva...
Mas,o ombro que me deste hoje,fez com que ela voltasse...e meu coração ficasse mais leve...
Obrigada,pelo carinho...e pelas dicas...rs
Fiquei mais esperta,depois da aula de hoje..rs
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Catarinas unidas,jamais serão vencidas...rss
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Beijos...muitos!!
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Luiz disse...

Lu, obrigado pela visita, pelos elogios e pelo boa viagem...mas, pra onde eu vou (rs) ?

Lu disse...

Sergio!
Que bom que gostou.Meus textos, são reflexos do que penso, sinto e sou.
Sim, acontecem surpresas maravilhosas, também tenho encontrando espaços lindos!
Acasos nem existem...
Volte sempre!

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Betin@...Feliz que tenhas gostado!
A nossa história é feita de momentos únicos, vezes bons ou não. Mas, todos nos trouxeram aprendizados...
Beijos, volte!
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Anne!
Menina que gosto muito, feliz que tenhas gostado!
Gosto de falar de coisas simples,de causos do tempo de antigamente...rss
Amo-te!
Beijos!

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Luiz!
Que bom que gostou!
Confesso que cada texto que posto, fico me questionando...rs
Moro em uma cidade muito pequena e prefiro omitir.
Assim o faço, por achar que devo,entenda se possível for.
Para onde você vai? Escolha um lugar bem bacana.
Volte sempre!

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Milly!
ô amiga, de letras e afinidades...
Te gosto muito!
Quando lhe convidei para aqui dividir um pouco de mim, já tinha você em alta conta...Fazias diferença, por sua amabilidade, teu encanto, sua simplicidade,e por ser gente...Gente grande!!!
Mulher que deixa sua marca, de guerreira, de fibra, de lutas, de sonhos transcritos através de suas letras...
Feliz que tenhas retirado o nó...
Não aceite menos que mereces!!!
Volte, chame sempre que precisar.
Beijos!

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Anônimo disse...

Não aceito,não!
Se for pra comer chocolate...quero me lambuzar...rs
Se não,nem abro a caixa...rsss
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Ótimo feriado pra ti!
Beijos...muitos!
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Oliver Pickwick disse...

Uma viagem às pequenas cidades do interior deste país multi-cultural, composto de Índias e de Bélgicas.
Em muitos lugares, até hoje, ainda é tempo de lampiões, assim como, de poços também. Com "funduras" variáveis.
Sem dúvida uma época de vida mais frugal, talvez menos confortável, mas refere-se à ela com tanta ternura que é como se dissesse: "se preciso, viveria tudo outra vez".
Um beijo!

P.S.: O "baita-cara", eu sei, é inteiramente por conta do seu coração generoso. Mas agradeço assim mesmo.

P.S2.: Como sei que logo estará próxima, se não for um abuso, dê um beijo na outra Lu por mim.

Anônimo disse...

Aprendi muito