sábado, 27 de setembro de 2008

Na ausência do calor...


Congelam-se as sementes, na dormência do inverno. Congela a mente, num momento profundo. Nos segundos em que passa e repassa, sem teclas para deletar, nem refrear ou mudar. Com o mesmo cenário, repete em vários atos, como se o fato, fosse um teatro, mas de somente uma cena.

Abrem-se as cortinas e seguem-se as falas, ditas no mesmo ritmo, revistas e entoadas no mesmo tom. E o som ecoa como disco riscado, um filme travado na mesma cena. Sem pena, a mente trás à tona, desta sina, de sete vidas que ninguém consegue matar. Num arfar de touro indomado, um passado num coração guardado.

Congela o pasto, o rastro, o espinho e a flor. Congela-se a dor, mas somente o calor do amor, tem o poder de degelar e curar.



Beijos, aos visitantes deste espaço!




Glimboo imagens

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Tomando o que é meu


Gotículas de chuvas que caem, molhando meus cabelos, raios de sol que me banham a face. Um sorriso espontâneo vindo de um passante, um semblante sereno que confirma sua simpatia.

As manias que até gosto. Os dias que são amenos, com seus momentos de serenidade e uma verdade que não me abandona. A paz e meu equilíbrio, meu abrigo nas horas de solidão, o chão, o pão, meu alento, meu sustento que agradeço.

Meu apreço as amizades. A cumplicidade de minhas partes, a arte que produzo e os abusos das cores. Os sabores, as lutas que me engajo e o lado certo que opto.

O copo, do melhor líquido, que é a água cheia de energia. As aves com seus filhotes. Um amor ao longo da jornada, é mote para meus escritos. E na calada da madrugada, com seu manto de silêncio, o pensamento e a conclusão, que eu não tenho nada!



Beijos, aos visitantes deste espaço!






Imagem: Deviant Art

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

E o plantador, preparou a terra e orou...



“Terra bendita, que germina e ensina, tal cenário enternece e emudece. Em minha prece, na calmaria e na alegria desse dia, te peço bonança, com fé e esperança de que os brotos germinem. Respeitando a lunação, faço a plantação neste chão, onde guardo o que é mais caro, onde o sol espalha seus raios, onde peço que a chuva venha em tempo certo e assim encerro minha prece. Amém!”



Beijos, aos que visitam este espaço!



Foto: Heber Gracio
Olhares

sábado, 20 de setembro de 2008

Tudo prossegue...

Refazer faz parte do ser, temos as mesmas potencialidades, na verdade desconhecemos nossa força. A maior vitória está na autotransformação. Quando tentamos novamente com as experiências do que não deu certo, já é meio caminho andado para um bom resultado.

Mas esperar, que algumas coisas aconteçam sem nada fazer é querer sem merecer. A espera, pode deixar muitos frustrados e com tempo quase acabado, perceber que tudo que foi projetado na ilusão de ser feliz, só perdeu a oportunidade de viver e entender que a vida não se baseia somente no ter.

A responsabilidade ao seguir um caminho, sozinho ou acompanhado, deve ser avaliado.O passado trouxe resultado, o futuro dependerá dos caminhos que hoje estamos a percorrer. Sem saber, onde queremos chegar, jamais saberemos onde iremos parar. E como andar, depende de cada um avaliar.

E para seguir o caminho que resta, pode ser com paciência ou com pressa, com medo, com dinheiro ou sem dinheiro, em desespero ou no sabor da prosa, com tranqüilidade e serenidade. A escolha é nossa, o tempo é mesmo. Todo resultado que esperamos, bem como o que projetamos, nascem das nossas intenções, transformadas em ações.


Beijos, aos que visitam este espaço!


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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Porque te amo



Amo-te porque minha alma já te amou outrora. Fez-me esperar sua volta, te procurar a cada esquina, ouvir seus passos e caminhar para seus braços.

Amo-te porque minha alma sabia de sua existência, chorou em sua ausência, me fez recordar e querer te reencontrar.

Amo-te antes de ter nome e face, sentindo sua alma revelando-se num entrelace, entre sussurros e segredos chamando por mim.

Amo-te, porque meu corpo desejou estar junto ao seu, um sonho que jamais morreu na ânsia de poder te tocar.

Amo-te e tento imortalizar nosso amor, com calma através da escrita. Embora você, insista em dizer, que nosso amor já está imortalizado através de nossas almas.

Amo-te, embora não entenda o mistério, sei o que quero e respeito meu coração. E na perfeição da criação, o que Deus criou e moldou ninguém pode separar.





Beijos, aos que visitam este espaço!




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domingo, 14 de setembro de 2008

Ao segurar tua mão



Ao segurar tua mão um reconhecimento, como se o fato, pudesse revelar e o toque dizer: Enfim te encontrei! Não sei o que pensei, havia muitos sentidos envolvidos, nem você falou, calou e me olhou. O tempo parou. Enfim, estávamos juntos e nos segundos que se passaram, calados nos olhamos, depois selamos nosso encontro num abraço.




Beijos, aos que visitam este espaço!



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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

E segue o baile!!!


Imagine-se num baile, no qual você tenta dançar, mas às vezes pisa no pé de alguém, ou leva uma cotovelada. Às vezes nos chocamos com outros bailarinos, nos irritamos, xingamos, mas logo recomeçamos cheios de energia. Algumas vezes encontramos parceiros ótimos, mas às vezes ninguém nos tira para bailar. Às vezes dançamos sozinhos e felizes, fazendo especial o nosso momento. Às vezes, vamos tão bem, aí muda o ritmo e nos perdemos. Às vezes não nos acertamos ao ritmo do parceiro e pedimos para sentar. Alguns dizem não saber dançar e somente observam. Outros dançam ao seu próprio ritmo, sem se importar com quem olha, nem se está no ritmo certo. Uns cansam logo. Outros ensaiam, ensaiam, mas falta coragem para tirar alguém para bailar. Uns não gostam de dançar. Às vezes o salão está muito cheio, sem possibilidade de muitos movimentos. Alguns se especializam nesta arte e apresentam-se no palco.

Outros tentam tão somente acertar o passo em harmonia e com prazer, com seu parceiro. Assim me imaginei querendo participar da dança e observei os dançarinos, me identificando vez por outra, com circunstâncias iguais a muitos. E com alegria, dancei minha própria coreografia, em sincronia com a melodia captada pelos meus sentidos, no ritmo do meu corpo, acertei o passo, meu espírito sente-se feliz.


Escrito de 18 de abril de 1999.


Beijos, aos visitantes deste espaço!



Pintura do artista colombiano: Fernando Botero.

domingo, 7 de setembro de 2008

Ausência...


É morada abandonada, é tapera, é tristeza, é pedaço de nós extirpado, é filho roubado.É ver renegado o alento. É não ter o sustento, para matar a fome.

É ter nome, mas paradeiro desconhecido. É o abrigo que não se acha, é um tempo que não passa, é a vida que escorre no fio da navalha, é a falha do tecido, é o bandido cruel, é o fel de uma ausência.

É inclemência do senhor, é flor sem o beija flor, é a dor do amor que partiu. É rio, que as mesmas águas jamais irão nos banhar. É água que o mar, não tem onde armazenar.

É a planta que se esqueceu de brotar. É o ciclo interminável do broto que não vem, é viver sem o líquido mais precioso, é o gozo que fica na ânsia.

É ser criança que saliva de olhos vidrados. É a ruga no rosto do velho cansado. É o sinal apagado na pista de pouso. È a imbecilidade de dizer ao velho doente, que ele tem toda a vida pela frente. É dor da lágrima que cai, é vida que se arrasta. É madrasta.

É vida que se afasta, quando lá fora tudo parece ter lhe esquecido. É o negro sem lume, é a miragem, é o altar sem imagem. É seguir a estrada, sem saber aonde vai.

É a esperança que não sai, é filho sem pai. É berço embalado e vazio. É o frio, é lápide sem identificação. É o duro chão trincado, é o machado que corta a seiva. É o coma de olhos abertos, é o deserto.

É ter as asas partidas, é o espinho cravado, é o soldado solitário na vala. É dor que não cala. É o estandarte de um reino sumido. É zumbido e depois o gemido que sai da garganta, é o eco de um lamento profundo, sentido pela ausência.



Jamais podereremos medir a extensão da dor, de uma perda e de uma ausência.



Beijos, aos que visitam este espaço!


Foto: Ana Franco.


terça-feira, 2 de setembro de 2008

Tenho...


Tenho olhos marcados de horrores, lavados de lágrimas, emoções e partidas... Todavia, eu os tenho com o brilho das alegrias, das minhas gargalhadas e das minhas trapalhadas.

Tenho um coração cansado e machucado, de sofrimentos, de terríveis momentos, mas que bate resistindo, que não descansa; cheio de esperança.

Tenho um semblante forte, planos férteis e a coragem de muitas mulheres. E o que não tenho, eu faço, passo a passo.

Tenho marcas de lutas, de preconceitos que doem no peito, da rejeição marcada na feição, da tal de nata, que nem é de passar no pão. ( e que de tão azeda, virou manteiga).

Lembro a impressão que tive, do que foi me dito, por seres esquisitos, que falam sem reflexão, para depois em aflição, pedir perdão.

E meu nome, nem ainda sabia escrever, muito menos prever, a dureza de um ser.

Tenho enfim, a conclusão, de que a palavra pode matar e de que o sonho não deve acabar. Que em vez de chorar, passei a questionar. Que existem muitos dons, mentes e saberes diferentes, gente que mente e seres inconseqüentes...

Tenho observado que há uma longa distância, entre o discurso e a ação. Mas que toda ação é movida por uma intenção.

Tenho a inspiração, de tudo que já vivi e senti. Quadros pintados, cortina com babados, páginas de escritos e rabiscados.

Tenho a liberdade, tempo para aprender, alguns limites de visão, mas principalmente a compreensão, de que a vida não se baseia no “ter”.

Não se leva nada daqui, somente o que vai ao coração. E por mais que seja dura a lição, somos todos seres em evolução.

Tenho quase tudo: horas de espera, um baú de histórias, uma boa memória. Mas o que não tenho e espero, é vê-lo novamente no portão, um sorriso sincero e depois um abraço e ouvir teus passos, voltando para mim.

Beijos, aos visitantes!