segunda-feira, 30 de março de 2009

Aniversário de um ano do blog!


Senhoras e senhores...
Pensando em como inicio meu discurso... Poderia começar como Martin Luther King dizendo: “Eu estou contente por unir-me a vocês no dia que entrará para história como a maior demonstração de liberdade na história de nossa nação”. Mas seria exagero, então lembrei de um senhor (falecido), que iniciou seu discurso, numa abertura dos jogos estaduais de empresa na qual eu ajudei a organizar, visto que as delegações chegaram em horários diferentes do dia, ele respirou fundo em alto e bom som disse: “Bom dia, para quem chegou de manhã! Boa tarde, para quem chegou de tarde e Boa Noite, para quem chegou de noite!”. Ou como um prefeito - que não contenho o riso ao lembrar – com o sotaque italiano bem próprio do sul, transcrito aqui da forma como foi falado. Disse ele: “Estomo aqui tudo reunido, contente, satisfeito, alegre e feliz...”. Ou até, usando um trecho de uma palestra feita num encontro de Magistrados, na qual fui escalada para trabalhar que dizia: “Nem tudo que é bom para União é bom para o Estado. E nem tudo que é bom para um Estado, é bom para um Município...” Mas enfim, é o aniversário de um ano do blog e por isso usarei este espaço para dizer algumas coisas.

Tem sido uma grande alegria a cada dia dividir um pouco de mim, recebendo todo o carinho das pessoas que visitam este espaço. Poder manifestar o que penso e trocar idéias... Houve comentários que me deixaram super feliz. Fizeram-me pensar: “Karaka, não falei besteira!”. Enfim, sou imensamente grata a todos. Vejo que estou em uma caminhada, como todos os seres. É natural que sejamos melhores que ontem e que amanhã teremos mais bagagem e mais aprendizado. Quando iniciei a escrever no tal computador, nem conhecia essa ferramenta e foi um suplício aprender! Bom, continuando meu relato, meus textos, depois de escritos, eu passava para a Anne, para ela avaliar e corrigir (que Deus dê o céu para ela). Todavia, quando achei que já estava abusando da paciência da pobre moça, pedi ao meu filho que me ensinasse como se escrevia no Word. Minha surpresa ao terminar o texto, era perceber que ele estava cheio de espaços. Eu escrevia algo e enquanto pensava no que escrever para complementar o pensamento, ficava batendo a tecla de espaços. Oras, pois, após isso tinha que ficar retirando esses espaços - acredito que uns 954 em excesso por texto. Bom, comentei com Anne: Mas tu viste o que faço? Ela disse: “Hum rum... Sim, percebi que sempre tinha espaços para retirar”. Acham que ela reclamou? Ou disse algo? Nada! É muito amada essa menina! Conclusão, eu aprendi a me conhecer, usar melhor o digitador de texto e não bater mais espaços, claro que me preocupei em que eu bateria daquele dia em diante para pensar. Mas não precisei, logo me disciplinei.

Mas, logo após isso, já achando que poderia dar mais um passo, resolvi escrever um conto. Claro, como tudo que faço, ao iniciar, não tenho a menor noção de como fazer. Acho que quando se quer algo, tudo é possível. Mais uma alma boa, do mundo virtual passou-me umas dicas (coitado). Cheio de paciência mandava-me e-mails explicando como iluminar e algumas regras para escrever-se um bom conto. Tenho que admitir que não segui todas. Dizia ele: Tens o discurso direto e o indireto. E lá mandava eu de volta outro e-mail pedindo: O que é isto? Boa alma! Sempre amável e gentil, respondia e tentava me ajudar.

Depois achei que escrever só reflexões cansaria os leitores, então passei a postar algumas brincadeiras e nasceu “Quem vem lá???”. Rimei e achei graça, gostei e continuei. A primeira vez que li alguma referência quanto ao que eu escrevia foi quando Fá publicou um texto meu “Da mesma vertente”. Depois Renata, repetiu o comentário neste blog, citando “poesia em prosa”. Porque estou escrevendo tudo isso? Para que entendam, que não tinha noção disso que foi citado, nasceu espontaneamente escrevendo neste blog. Digo sempre, eu com minha quinta série forte, me viro bem. Que sou uma caipira que não tem a mínima noção de regras e que não segue e jamais seguirá por mais que tentem. Quasímodo até comentou: “A Lu, lhe digo, é meio dura de orelha. Segue o rumo que quer, deve ser da natureza. Não aceita arreio nem buçal. Maneia, então...”. Amado ele, tenta me explicar com uma paciência enorme, ajudando-me e cuidando para que eu não cometa erros. E tenho solicitado ajuda às pessoas, procurando cometer o menor número de erros possível. Mas tenho noção que, ainda assim, possa ter sido publicado alguns. Digo que estou aká no fim do mapa, que ser der mais um passo, caio fora. Uma matuta talvez.

Tudo o que escrevi foi para dizer simplesmente que não sou escritora, estou aprendendo a cada dia. Mas não vou contar sílabas para dizer o que penso e o que sinto. Mas quero que soe bonito o que escrevo. Que toque almas, que faça o dia das pessoas ser melhor, que reflitam e que sejam felizes. E métrica para mim é o tamanho do texto - que não seja longo a ponto de cansar e encher o saco do leitor. Não criei esse blog, eu ganhei pronto da Anne, só o subtítulo é meu. Dizia ela: Tens que transportar para escrita, tens coisas para dizer. Portanto se alguém é culpada por eu estar aqui, é Anne! Reclamações, por favor, dirijam-se ao balcão ao lado.

Não tenho tempo para aprender regras, tenho urgência em falar às pessoas para que melhorem, tornem-se aptas e evoluam, pois canudo e posição social, bem como cargo, não fazem um ser melhor. Reconstruam-se, busquem com sabedoria a saída e tornem-se melhores como seres humanos. Deixo bem claro o que é um grande homem em minha opinião, no texto “Ajuntador de bosta” que publiquei.

E já que o amigo Oliver citou Burle Marx, no seu comentário um dia desses, transcrevo o que ele disse e que diz o que também penso: “Às vezes certos pintores ou certos músicos produzem, produzem e não dizem nada”.Também diz Burle Marx, ao ser perguntado se ele detestava fórmulas: “Eu as detesto sim, continuo a dizer, pois a fórmula é repetitiva, é como um beco sem saída. Aceitar a fórmula é inviabilizar a capacidade de pensar. Eu detesto ditaduras, que são imposições, fórmulas. Eu quero ter o direito de descobrir o que serve para mim e o que não serve para os demais”.

Enfim, tomo por alento o que Quasímodo me diz: “Você escreve umas coisas que calam fundo... Sem ser aquelas coisas melosas que às vezes a gente lê. Burila as palavras... É melódica, rítmica. Tens a regra mais importante do mundo. Que não ensinam no colégio... Sensibilidade... Siga essa regra, é ela que te faz diferente. Não te deixes enquadrar... Não aceites cabrestos... Sejas livre. Escrevas livremente. Os outros que entendam como quiserem, enquadrem como puderem e se puderem...”

Fá disse: “Você entende do principal, que é o que vai à alma das pessoas. Isso não tem métrica, rima, prosa e poesia que ensinem.”

Eu diria que eu tenho Ph.D na vida e no sofrimento, conheço a dor e o ser humano em sua essência. E também trabalhei na área social, conheço as mazelas e a realidade bem de perto. Sei bem do que é capaz um ser sem escrúpulos, sem piedade, sem o menor respeito por uma vida humana. Que matar é tão fácil, quanto comprar ou afanar pão na esquina.

Manifestar-me através desse blog, trouxe-me alegria e um sentido profundo em minha vida. Estamos numa escola chamada terra e na escala evolutiva existem alguns com maior evolução, outros em menor evolução. Há pessoas com saberes diferentes. E conhecimento nem sempre está aliado à sabedoria. Nem sei por que escrevi tudo isso, pois quando iniciei meu blog já justifiquei no texto A mágica das palavras, dizendo que: “Escrevo a vocês como uma criança concentrada e de mãos postas dizia todo o alfabeto em voz alta, chamando a atenção dos religiosos em prece.” Indagada sobre o motivo de estar fazendo aquilo, simplesmente respondeu: “Não sei orações tão belas quanto as suas, então digo todo o alfabeto para que Deus monte uma oração linda.”

Li um dia, não sei aonde, algo que diz mais ou menos assim: “O cientista com todo o estudo e conhecimento, ainda assim terá que aprender com o simples e humilde pescador, com que simplicidade ele retira o peixe da água do mar. “


Reverencio a todos que visitam este espaço, mas principalmente àqueles que estão em meu caminho e têm me ajudado, deixando um grande beijo em seus corações!

P.S.:Obrigada aos que visitaram este espaço mesmo quando me fiz ausente.Aos meus queridos: Anne, Milly, Oliver, Quasímodo, VimDe, Véu de Maya, amados filhos Jefe e Ande, obrigada por terem feito meus dias melhores, por suas gentis palavras e por todo incentivo.


Abaixo um pouco sobre Arte Naïf, que recolhi de matérias publicadas.

Nomeado em francês "art naïf", ele lida com a criação espontânea.
É a arte da espontaneidade, da criatividade autêntica, do fazer artístico sem escola nem orientação, portanto é instintiva e onde o artista expande seu universo particular. Art naïf (arte ingênua) é o estilo a que pertence à pintura de artistas sem formação sistemática. Trata-se de um tipo de expressão que não se enquadra nos moldes acadêmicos, nem nas tendências modernistas, nem tampouco no conceito de arte popular.

Assim, o artista naïf é marcadamente individualista em suas manifestações mais puras, muito embora, mesmo nesses casos, seja quase sempre possível descobrir-lhes a fonte de inspiração na iconografia popular das ilustrações dos velhos livros, das folhinhas suburbanas ou das imagens de santos. Não se trata, portanto, de uma criação totalmente subjetiva, sem nenhuma referência cultural.

O artista naïf não se preocupa em preservar as proporções naturais nem os dados anatômicos corretos das figuras que representa.

A obra do naïf carrega toda a sua bagagem de vida, todo o seu pensar, toda a sua percepção do mundo exterior, interpretada, porém, com a mais profunda pureza do seu coração. Dizem que os naïfs pintam molhando os pincéis no coração, que ninguém aprende a ser naïf, ou ele nasce assim, ou não o será jamais. A arte naïf, com formas próprias e técnicas diversificadas, conduz o espectador a descobrir um mundo novo e diferente. Ao mesmo tempo que tão simples e direta, encanta pela força expressiva, pelos inúmeros detalhes, a singeleza dos traços, enfim, pela inigualável e única maneira de ser. Norteados por uma força ou necessidade interna instintiva, os naïfs relatam através de seus pincéis, o etéreo mundo dos sonhos e desejos, as lendas, os 'causos' e tradições populares. “O que permanece relevante para os artistas naïfs, seres privilegiados, é o conteúdo interno do seu universo pessoal.” como diz Jacqueline Angelo Finkelstein, Diretora do Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil -

“Ingênua” é a classificação de um tipo de arte totalmente não-acadêmica, não burilada ou atrapalhada por preciosismos acadêmicos. É o estilo de quem já nasce com o dom de ser artista, sem nunca ter estudado para isso. Mas que diabos vem a ser naïf? É tudo isso, só que em francês. O termo foi inventado no final do século 19, para rotular o trabalho de Henri Rousseau.

Arte naïf é arte em estado bruto, sem lapidação, o que não significa, necessariamente, que seja mal feita. Ela surgiu naturalmente, com o alvorecer na humanidade. Os naïfs existem desde os primórdios da civilização, desde que o homem das cavernas resolveu se expressar — as pinturas rupestres são um bom exemplo. O cotidiano era registrado nas paredes das cavernas, em pedras, troncos de árvore, no chão, e funcionava como registro de uma época. As estátuas gigantescas da Ilha de Páscoa e os mosaicos bizantinos são — sem trocadilho — pedras de toque do movimento naïf.

Assim, em contraposição com os acadêmicos, que pintariam com o cérebro, os ingênuos pintariam com a alma. E sempre escolhem temas regionais, lembranças da mais tenra infância, o futebol no campinho da várzea, o balão de São João, as procissões e as manifestações da fé popular em geral. Por essa razão a arte naïf é a pintura genuinamente brasileira por excelência, que tem como único pré-requisito ser autodidata.