Fato que após muitos anos, ainda é comentado. Do tempo que ainda era mocinha, e da vida nada sabia. Seguindo todo dia pra escola, trazendo na sacola além dos cadernos, os chinelos, para colocar ao entrar na sala. Vito seguia ao seu lado, menino estudioso e muito aplicado, filho do compadre Honorino. Andando ao seu lado, carregava em silêncio o segredo, de amar Candinha.
Na missa aos domingos, rezava com fé olhando pro santo. Pedia ingenuamente que ela correspondesse seus sentimentos, e quase aos prantos, ao dormia dizia: Que amanhã eu tenha coragem pra me declarar, por que eu quero sempre ao seu lado estar! E assim, seguiam-se os dias. Vito caminhando ao seu lado, entre suspiros e ânsias, porque mesmo sendo ainda criança, seus sentimentos eram profundos. Pensava ele em seu lamento: E amor tem idade?
Ah, quanta saudade aos sábados, que não podia lhe ver. E, para chegar o domingo contava as horas, rezando pro sol ir-se embora, e logo escurecer.
O tempo passou e ela mocita ficou. Vito, ainda alimentava esperança que a menina de trança, pudesse lhe amar. E, de tanto sonhar, o dia chegou de poder com ela dançar e sentir perto, seu corpo tão desejado. Após a dança, como sempre, seguiam juntos de volta pras casas. E, tal como todo apaixonado seguia ao seu lado emocionado...E foi nesse momento, que o destino deu um empurrão fazendo Candinha tropeçar, parando em seus braços. Coisa que de fato, Vito nunca entendeu o que assucedeu. Pois no instante seguinte estavam abraçados, e logo após, de lábios colados, num beijo ardente...
Como se seguiu dali para frente? Ah! Candinha pôs-se a definhar, a não querer se alimentar, a questionar seu infortúnio, enquanto gemia pelos cantos a chorar... Pensava em sua família, na reprimenda que lhe dariam. Como iria contar aos seus pais o que tinha acontecido? Depois de tanta recomendação, para ter cuidado que beijar podia engravidar.
P.S.: Transformei em escrito, inspirada nos causos sobre a ingenuidade e falta de esclarecimentos, das senhoras de outros tempos. Teve um causo até, de uma senhora que me contou ter dormido uma semana, após o casamento, em duas cadeiras na cozinha, de medo de deitar na cama com seu marido. E, por aí vai... Lembrei-me, das gargalhadas que dei, ouvindo de como eram de fato as coisas naquele tempo...
Tudo é fictício. Menos o fato que naqueles tempos, beijo engravidava!