sábado, 20 de dezembro de 2008

Memórias e o Natal...



Quando o sol abre seus olhos, parindo a manhã no canto de um sábia, nas asas da esperança aguardo acontecimentos... Qual rio que se entrega a corredeira para ser cachoeira, numa derradeira constância de um viver. Abro a arca das lembranças forjada no tempo, desde que usava trança, me ponho a lembrar e admirar...


Sempre que penso em uma grande mulher, vem em minha mente a imagem da Dona Morena, a quem eu admirava muito. Ela marcou profundamente a minha existência. Morena era linda e fofa, transmitia força e delicadeza em seu olhar. Mãe enérgica, afetuosa e determinada. Passei toda minha infância junto aos seus filhos e com eles passava os dias brincando. Enquanto, dançávamos ao som de músicas tocadas no gramofone, ela tricotava nos olhando por cima dos óculos, rindo das nossas brincadeiras...

Morena adorava cozinhar. O café da tarde era um ritual de família. Todos sentavam juntos à mesa nessa hora, era algo irresistível e mágico. O aroma do café e de seus bolinhos de chuva, a mesa farta, o pão fresco... Aos meus olhos, era um verdadeiro manjar dos deuses. Nem sei dizer quantas vezes em minha vida eu participei do café da tarde e de outras refeições feitas por ela

Sempre me senti muito querida por Dona Morena e sentia seu afeto verdadeiro nos momentos em que ela me chamava e iniciava uma conversa, sempre se referindo a mim como “alemoa”. Achava lindo quando dizia “meu velho”, dirigindo-se ao seu companheiro de vida.

Os Natais eram lindos e a preparação da ceia era motivo de trabalho de muitas horas. Meus natais eram sempre em sua casa. Admirava a sabedoria de Dona Morena. Era lindo vê-la conversar, sabia de tudo e mais um pouco. Foi em sua casa que despertou o meu gosto pela leitura, pois sempre pegava emprestado algum dos livros sobre os mais diversos assuntos, da vasta biblioteca de sua casa. O som das máquinas e mágica das palavras, na impressão fresca do jornal editado semanalmente me fascinava. A gráfica no porão da casa, era um lugar que visitávamos curiosos, procurando saber dos acontecimentos.


Somente após muitos anos, vim a descobrir que Dona Morena não sabia ler e nem escrever. Seu nome tinha aprendido para assinar os documentos e votar. A mulher com quem aprendi tanto, valores, coisas do mundo, era analfabeta. Talvez tenha sido a primeira vez que recebia um exemplo claro do que é sabedoria e o que é conhecimento, duas coisas absolutamente distintas.



Um Feliz Natal para todos!

Beijos!



domingo, 14 de dezembro de 2008

idas e vindas...


Após dias, entre tantos sentimentos que variaram entre desalento, tristeza, revolta e nem sei mais quantos, me vejo escrevendo este post. Não que não tenha escrito, mas o bom senso, a razão, ou sei lá mais o que, não deixaram postar meus escritos.

Um dia li Oliver dizer que, já conseguia não deixar seus sentimentos transpor através da escrita... De certa forma também faço isso. Mas sentimentos fortes transbordam...

Ciclicamente sobrevivemos, por vezes, vivendo momentos que achamos não sobreviver, mas como bem citei, sobrevive-se... Questionamos, pensamos e vivemos aprendizados ao longo de nossa vida. E a partir disso, já não somos mais os mesmos.

Entre idas e vindas, não sei avaliar os resultados e os efeitos de tudo isso. Não que não saiba o caminho a seguir, é que ele está bloqueado, a ponte caiu.

Há em torno de 120 mortos em nosso estado, pela catástrofe ocorrida. Morreu o pai de um colega que não tenho coragem nem de dizer a ele, sinto muito; porque eu sinto muito... Dói em mim minha dor, doem em mim, as dores alheias... Não somos seres fragmentados, como tanta vezes que quiseram nos dizer. Não conseguimos estar imune às dores, e isso nos tornam menos robotizados, mais solidários, mais humanos, para o desespero dos que tem vendido à idéia contrária.


Somos impotentes, sem poder de mudança para tantas coisas. E, é nas mudanças interiores que devemos concentrar nossa energia com determinação. Sabedora disso é o que faço agora, segurando firme ao volante, esperando o nevoeiro dissipar-se.


Beijos a todos!



sábado, 29 de novembro de 2008

A vida me vale...



Quando toda inocência se revela... Na mão de um gesto espontâneo, na alegria de um sorriso sincero.

No abrigo de um abraço, nos passos, de um velho que viveu com dignidade. Na verdade, por pior que seja e de quem deseja e luta por seus sonhos.

Quando ouço o que faz sentido, pelas lições que aprendi. Quando converso com pessoas que não são reféns de dogmas e de conceitos, quando encontro sujeitos, que agem com responsabilidade.


Na emoção e nas lágrimas, na voz do cantador, na ressonância das palavras. Na gargalhada e na esperança, de quem planta e persiste. Aonde existe paz e alegria.

Quando olho o espelho e vejo refletida a serenidade, sem sombras de ego e de maldade. Quando não me deixo guiar pelo mundo externo, quando busco em minha essência e revelo, o que penso sem demagogia.


A vida me vale, pelo amor... Ao contemplar a natureza e ver a beleza das flores. Ao sentir os sabores, a vibração das cores. Ao ouvir o canto dos pássaros e a tudo que a cada passo, me faça me sentir plena.


A vida me vale, por tudo que faço para não partir com arrependimentos. Quando dou guarida e valor ao que é devido, e quando sei avaliar o que seja realmente necessário. Terei saudades, mas somente desses momentos vividos com autenticidade.



Beijos, aos que visitam este espaço!



Imagem: Deviant Art


domingo, 23 de novembro de 2008

Deixa-me abrir esta porta...


Quando chegares ausente de tantos dias, carregado de saudades e momentos que não foram vividos, te receberei num abraço...

Falarei de meus desassossegos, do medo que não viesse e que fiz uma prece, para este dia chegar...

Não vou negar, ficou no espaço a sua presença...Ainda sinto suas mãos em mim e ficou teu cheiro impregnado...

Dir-te-ei que enfeitei a casa, cuidei do jardim, cuidei tudo tim-tim por tim-tim, fiz tudo enfim para te esperar... E meus olhos criaram asas para ver-te, projetando sua imagem vindo para mim...

Buscar-te-ei ainda na moldura da porta, meu olhar dirá de minha saudade, meu coração poderá falar de meu amor... E ao sabor desse encontro que arquitetamos cheios planos, anos após anos, tudo e todos os sonhos enfim viveremos e seremos o que sempre desejamos.

Beijos, aos visitantes deste espaço!



Imagem: Getty images


quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Quando um sonho fica pela metade...



Pensamentos vagando a toa, gestos reprimidos, palavras não manifestadas... Voz embargada e abraço ensaiado...

Um beijo imaginado, uma emoção incontida... A intenção de alimentar o desejo e a sensação e o anseio, de quem não se basta sozinho pela estrada.



Beijos!




Imagem: Alba Luna – Olhares.

sábado, 15 de novembro de 2008

Sobrevive-se...


Sobrevive-se, o tempo e as esperas... Sobrevive-se, aos sinos tocando em memórias as perdas e as partidas...

Sobrevive-se as ilusões, as causas e as revoluções... Sobrevive-se as intempéries, aos temporais, quem foi e não voltou mais...

Sobrevive-se, a ignorância, a injustiça e os efeitos do mal. Sobrevive-se a demagogia, a hipocrisia e a falsidade...

Sobrevive-se os desencontros, o descaso, a indiferença e a dor... Mas padecemos e morremos, com a ausência do amor.


Beijos!


Imagem: Deviant Art

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Não pergunte se sinto falta de você...


Não pergunte se sinto falta, fiquei perambulando esperando o seu regresso, sonhando sem adormecer...

Cada amanhecer uma possibilidade... E a saudade, se fez vertente que nunca pude conter...

Não pergunte se sinto saudade sua, andei pelas ruas pensando em você e no adormecer você foi meu último pensamento, no acordar já estava a pensar...

Mas faço de conta que essa sua ausência não faz chorar e continuo a esperar...



Uma ótima semana para todos, beijos!



quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Quando a noite chega...


A tarde cai como milhões de dias... Repenso nos rumos dos acontecimentos, na história em movimento, na vida que ensina e se derrama no longo tempo de partilha, na esperança e nas lembranças...

A noite vai chegando sorrateira, companheira com seu silêncio e me ponho a divagar... É embriagada desses momentos, com meus sentidos aguçados que rebusco na consciência minhas displicências e tudo que contém minha essência...


Nossos sonhos reais são plumas frágeis, que flutuam ao sabor do vento... E voando não são de ninguém. Mas sempre, a mente recria sobrevivendo na imaginação, sonhando bem alto, sem sair do chão.


Beijos!



Imagem: Deviant Art

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sonho emoldurado


A mão de quem sonha traz a beleza, fazendo de uma cena uma obra para apreciação.

Um amor transmutado e valor acalentado, maneiras e ações de trazer a tona o que está armazenado...

Passado e um futuro imaginado, cenas do cotidiano e expressões sentidas, tudo que a mostra a vida em seus nuances...

Mente em devaneio e no seio a possibilidade, de quem pinta saudade, sensibilidade e sentimentos ocultos... O amor, a nostalgia e a magia de quem vê e sente, o mundo por um prisma diferente...



Uma ótima semana para todos, beijos!



Imagem: Deviant Art

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Na boca da noite...


Na boca da noite, relembrando idas e vindas, chegadas e partidas, fantasmas habitam a alma na calma da escuridão...

Na noite escura estrelas brilham no céu e um pensamento ao léu, buscando e enredando um sentimento sem fim, vindos da alma para fora...

No breu e a lua distante, a nostalgia de um instante e um bem querer no coração guardado...

No silêncio de uma noite, almas põem-se a vagar e a buscar um alento, tudo o que está a faltar...

Na boca da noite faminta, uma alma pinta um céu de possibilidades e a saudade faz bailado entre algumas cenas...

A noite fica pequena para tantos devaneios, na coreografia o desejo de alcançar, quem muito longe possa estar...


Para os visitantes, um ótimo final de semana e beijos!




Imagem: Alba Luna- Olhares

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O tempo e o vento...

De espera, de dias, de ponteiros e de muitos janeiros. Basta um olhar, o ponteiro já se mexeu, pergunta-se: o que se perdeu?

Tempo de ociosidade, de pensar e de rever, sem saber o que virá, nem o que acontecerá...

Mistério, na relação do tempo e os rumos dos acontecimentos e o senhor dos ventos, soprando em nossos ouvidos sussurros em sopros debochados... Amigos ventos, calando quando esperamos respostas...

Nuvens que se projetam em nuances e formas, cavalgando ao sabor do vento... Ondas quebrando na beira da praia e a mão poderosa do senhor dos ventos, empurrando a embarcação em alto mar...

O senhor do destino, do tempo e dos acontecimentos, nos levando a crer que se repetirá um novo amanhecer... Tempo de luz e firmeza, dizendo que tudo é possível...

Tempo sem garantias, de magia e de encantamento e o entendimento que no próximo momento, pode nada mais existir...




Beijos, aos que visitam este espaço!




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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Sou eu a dimensão de um sonho


O que o nos define na claridade das letras, sou eu a sonhar... Sou eu, ornamentando e sonhando por mim e por ti...

Sou eu na solidão das noites, no vazio dos dias, no interminável tempo e na espera, num clarear de mais um dia...

Sou eu a buscar a janela, sou eu a pintar à tarde bela, sou eu que vela e a embalar os sonhos de esperança.

Sou eu a olhar o horizonte, sou eu que me encolho de frio, sou eu que sonho calada a imaginar...

Sou eu olhando o céu a indagar, sou eu, sempre eu a sonhar...



Beijo, aos visitantes deste espaço!



Imagem: Deviant Art

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Inspiração...

Passei a semana pensando no que escrever. Mas tudo que tento dizer, parece não ser o que quero falar e tudo que escrevi parece não ter graça. Num passa e repassa, remoendo os pensamentos, penso num jeito de tirar no peito as emoções que vivi e tentar escreve-las. Mas ao rele-las, achei tão banal, meio sem açúcar e sem sal.

Pensei afinal, no esbarrão que dei num moço na esquina, mas quem quer saber se tropeço e caio, se levanto cedo e que horas que saio. Lembrei que acordo já com um dilema que calçado calçar, meus pés doem só de olhar.Mas quem quer saber se aperta meu sapato, se uso salto ou ando de chinelo.

Revelo que tamborilei e cantarolei, rabisquei, iniciei e parei. Pensei no borralho, no orvalho, no sereno, pensei no canto do galo e no cacarejar de galinha. Pensei que é outubro, já vem dezembro e o natal. Espero que esse mal, vá logo embora e que eu lembre uma história, com começo e fim.

Nesse ínterim, passou como passa toda a semana. Se não fosse essa gana, eu não estava a pensar e a me indagar, porque a minha imaginação não voa, nas manhãs ensolaradas, nas madrugadas e nos voos livres, tal um pássaro, para trazer a tona ao som de uma cordeona e de um violão com sempre faço, momentos de infinita beleza, das profundezas e do que está aprisionado.

Todavia, você conseguiu perceber a vida dura de blogueiro, em desespero por não ter o que falar. Mas não vá pensar que será sempre assim, vou continuar pensando e procurando um mote, com sorte a inspiração voltará.



Beijos, aos que visitam este espaço!



Imagem: Marciano

Olhares


domingo, 12 de outubro de 2008

Abaixo de mau tempo

Atravessei dias, meses, temporadas e anos. Coisa esquisita tentar relatar, as palavras chegam faltar. Fico a pensar e para que tentar transcrever?

Ao rever minha trajetória, agarro meus dias, tomo posse de minha história e busco na memória meus passos, minhas opções e minhas ações.

Resoluções a partir do que era justo e do que era certo. Quem esteve por perto, nem sempre entendeu e muitas vezes se surpreendeu.

Mas o que é justo e o que é certo? Ao decidir fui julgada, para mais tarde me dizerem: “Desculpe você estava certa.”

Procuro não deixar aresta. Preocupo-me, com minha caminhada e nada me faz mais lúcida.

Nas buscas, nos conceitos e nos preceitos do que deve ser feito e no que nos é imposto, tento perceber o que há por trás disso.

São-me claras as intenções, suas ações, seu andar e seu olhar. As pessoas muitas vezes vão nos magoar e nos decepcionar, falando e prometendo o que talvez não estão em condições de cumprir. Sabendo disso é melhor não cobrar e nem exigir, somente aceitar e esperar que um dia possam acordar. E talvez isso aconteça, depois de muito sofrer.

Perceber, limites do ser e ver suas limitações, suas conclusões, seus objetivos relativos às suas intenções por vezes de puro ego.

Como cegos, fechamos os olhos criando ilusões, as vezes tentamos nos enganar, acreditando em promessas, palavras e demagogias, damos credibilidade a discursos insanos e com os anos, percebemos que aprendemos a duras penas.


Flores para os visitantes, beijo!


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quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Menina de trança


Toda vez que olho o manto do passado, te procuro e tento rever. Não sem ter nostalgia dos dias em que ria, brincava e achava graça. Porque através dos teus olhos vejo os sonhos que eram seus, tão meus e tão atuais. Negar que não são mais, seria te desmentir. Não sentir, é renegar um pedaço de mim. E assim, tento lembrar como era o teu sonhar e tento te achar em meio às flores.

Relembro suas dores, seus silêncios nos momentos que alguma coisa não entendia. Mas sentia os olhares em sua direção, por vezes mais fortes que as ações. E sei que trouxe impressões e algumas imagens, dessas passagens.

Às vezes me dou conta de que o tempo não passou. Nesta luta incessante de gestos, de mãos estendidas. Do tempo que vias a vida com olhos ingênuos, achando que o mundo era pequeno, bonito e feito de jardins.

E assim, percebo que as mãos que acariciavam o gato são de fato as mesmas que hoje estão a escrever. E escrevo para você entender, que te acolho em meus braços e sei que faço por te compreender. Enxugo sua testa febril, dizendo que a dor já vai passar. Tento lhe afagar, segurando-lhe no instante que estas a desmaiar. E no chão inconsciente, canto para você perceber que não estas a sós e que já vão lhe encontrar. Tento falar para que não tenhas medo das imagens, são miragens, é a febre de novo a te castigar.

Acolho-te com carinho e digo baixinho, eu te amo! Chamo-te, te mostro as borboletas a sobrevoar. Tento mostrar uma florzinha miúda, as cores, os fatores e diferenças, enquanto pensa, porque és diferente. Sei que sente medo e insegurança. Uma criança tão pequena, sentindo-se não ser deste mundo. E a estranheza, com certeza, tinha suas razões.

Embalo-te com carinho, enxugo tuas lágrimas, quando te acho num cantinho sofrendo calada. Acolho-te em plenitude e essência, com ternura e paciência. Acolho-te na sua inocência, dizendo em seu ouvido, não chore criança, que não deixarei ninguém lhe fazer nem um mal.

Agora sei afinal, tudo que não sabias e não é menos dolorido. Por vezes vejo a anciã Lu a me espreitar, seus olhos serenos parecem dizer: “Tu sobreviverás, não precisa chorar!”

Um dia nós três iremos nos reencontrar, caminharemos de mãos dadas, seguindo a estrada bela e ensolarada. E enfim, faremos um jardim impregnado de cores, cheio de flores, feito somente de amores. Seguiremos a jornada, cantando nossas canções preferidas. Sentindo que o que deixamos para trás, foi só mais uma vida.




P.S: Todavia, há um espírito de uma guerreira, que jamais perdeu a esperança que a menina de trança sobreviveria. Embora visse as fragilidades, mostrava as verdades e guiava com segurança. Para a mulher de hoje, pede-lhe cautela e paciência.


Beijos, aos visitantes deste espaço!




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sábado, 4 de outubro de 2008

Charla campeira


Entonces, como ia contando o fandango corria solto. A las tantas e num repente a luz varou a noite e o raio passou por riba do galpão e foi de encontro à égua do compadre Filistêncio. Naquele momento, parecia que o céu tinha se partido no meio. Foi negócio feio!

Eu lá num canto com uma morena faceira estava de namoro, bem na hora do estouro. Num upa, dei de mão num facão e já gritei: Me pulem os fariseus!!!
A la pucha! Foi de susto, eu confesso. Mas o chão tremeu e muita gente gritou:
-Nos salve Nossa Senhora!!!

É uma estória bem comprida e mostra que vida se acaba num relance. E se não fosse o bastante, ainda a Dona Marica, viúva pela segunda vez, no fim da prenhez gritou:
-Chegou à hora!!!

Foi um reboliço e uma gritaria, o povaréu em coro chamando pela Virgem Maria! Senti o cherume de morte, senti inté um frio no cangote e rezei que a sorte, não tivesse me abandonado. Eu não era acostumado e nem era homem de réza, mas chamei por Deus e apelei pela Virgem Maria.

Ainda bem que não era uma noite fria, se larguemo na chuvarada, eu e toda peonada de lampião e facão. Já na saída me lembro como se fosse hoje, a Dona Chica entre a vida e a morte, pedindo socorro.

Adoentada e de coração fraco, também sofria dos quarto, que lhe impedia de correr. E ao ver todo o entrevero, de susto sentiu-se mal e afinal, o pior aconteceu. Desde mocita, sofria demais. Foi criada sem mãe e sem pai, por um certo fazendeiro, homem de posses e de muito dinheiro. Vivente destemido que até bandido, corria de medo. E desde cedo à coitadinha sofria, na judiaria e no sofrimento. E nem deu tempo, de buscar o doutor. A mulher se foi, entre lágrimas e lamentos e foi nesse momento que pensei: De que vale uma vida sofrida deste jeito! Doeu no meu peito, ver a coitadinha no chão esparramada e rezei de novo, para que não virasse alma penada e que Deus lhe recebesse com alegria.

E no alvoroço e na correria, pois naquele dia quem sobreviveu entendeu, que pior que estouro de boiada, é ver a peonada em desespero e reboliço. Pois o risco que se correu, fez até ateu se colocar a rezar. E não é querer exagerar, não foi um susto qualquer, pois teve até mulher, que se curou da dor de cabeça.

Por pior que pareça, sempre tem o lado bom das coisas. Foi isso que me disse o compadre Felistêncio, que andava abichornado e que desde aquele momento é um homem feliz. Curou-se da gagueira e queira ou não queira, o triste assucedido regenerou até muito mequetrefe e bandido. No mais e para arrematar o causo, les conto o que ele sempre me diz:

- Perdi minha égua de estimação, mas a patroa essa está boa e me encanta. Bem cedo levanta me chamando de meu bem, fala que ama e me dá mais um beijinho. Carinho eu tenho até de sobra! Parece doce de abóbora, de tão bom que é. E mulher, deste jeito deixa qualquer homem tonto e faceiro. Melhor que dinheiro, é uma china que nos ame! E se não fosse o infame do raio, eu ainda era gago e estava no assoalho, dormindo ainda no chão!!!


Mais um causo gaúcho.
Beijos, aos que visitam este espaço!



A la pucha: Exprime admiração, espanto.
A las tantas: A tantas horas, lá pelas tantas.
Abichornado: Aborrecido, triste, desanimado, vexado, envergonhado, acovardado, aniquilado, magoado, acabrunhado, macambúzio, abatido.
Assuceder: Acontecer, ocorrer.
Cangote: Deturpação de cogote. Nuca, pescoço.
Charla: Conversa.
Cherume: Cheiro. Resquício, vestígio de alguma coisa.
China: Mulher gaúcha; descendente ou mulher de índio, ou pessoa de sexo feminino que apresenta alguns dos traços característicos étnicos das mulheres indígenas; cabloca, mulher morena; mulher de vida fácil; esposa.
Entonces: adv. Então, pois. (Arc. port. Em uso no RS)
Entrevero: Mistura, desordem, confusão de pessoas, animais ou objetos.
Fandango: Baile.
Inté: Até. Significa, também, “até logo”, “até outra vista”
Le: pron. Lhe. (Este vocábulo, empregado na linguagem popular do Rio Grande do Sul, por influência castelhana, é, também, forma de português arcaico).
Mequetrefe: Diz-se do indivíduo vagabundo, tratante, capadócio, fanfarrão.
No mais: Não mais, sem mais, sem preâmbulos, sem mais nem menos, simplesmente, tão somente, unicamente, apenas.
Num repente: De repente, repentinamente.
Num upa: Num abrir e fechar de olhos. De golpe, de sopetão, muito rapidamente, sem delongas.
Peonada: Grande número de peões.
Patroa: Esposa.
Povaréu: Multidão de pessoas.
Varar: Atravessar, bandear, cruzar.
Vivente: Pessoa, criatura, indivíduo.

Obra do artista plástico gaúcho: Voldinei Burkert Lucas


quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Assombramentos


Pra quem não conhece essa estória, eu vou contar. Desde piazito e muito cedo, tive medo de alma penada. E sempre que seguia a noite alguma estrada e encontrava uma encruzilhada, parecia perseguição, pois sempre uma assombração vinha para conversar. Não é que eu queira me gavar, era mais requisitado que padre de altar!

O que queriam falar era desde um pedido que desse um recado, reclamação do túmulo abandonado, ou cobrança de alguma conta. Sempre afoita e em desespero reclamavam do enterro mal feito, do defunteiro, da cor da fatiota, ou até de algum sujeito de olho na viúva, na hora do velório.

Honório é meu nome. Mas há quem me chame de: “O homem que entende de defunto!” Sem mais delonga, perdi a conta de tantos atendimentos. Ver um sujeito em sofrimento, depois que espichou as canelas, não há coração que não parta de ver sua agonia.

Tinha dias, que tinha fila para conversação. Parecia correição de formiga e a estrada ficava apinhada de penitente. Já com vontade de sentar o braço, gritava então: Se aprumem, um por vez!!!

Tinha mais freguês que a venda do Anastácio. E não era qualquer índio macho, que dava conta de tanto encaminhamento. Acauso, um vento soprava de relancina no meu ouvido, eu já dizia: Chegou mais um bacudo sofrido, para fazer um pedido e uma reclamação!

Os anos se passaram então, eu já não agüentava mais, ser o capataz e porta voz, de tanta alma penada! Resolvi dar um basta e fiz um juramento. Não sou jumento para carregar este fardo, nem moleque de recado, pra ficar enredado no lamúrio dos defuntos!

Pra encurtar o assunto, vendi minha égua de carreira, fiz um capricho de gastar todo o dinheiro em vela e acendi numa barranca. Coloquei até uma santa, pra atender todos os pedidos e pra que nem mais uma alma se levante e venha me aporrinhar. Levantei até um altar de pedra que juntei perto de uma sanga e a estória deu muito pano pra manga, pois a reclamação foi tanta entre os falecidos, que me deu vontade de defuntear todos eles.

Hoje sou conselheiro dos vivos. Proseio com os viventes que vejo pela frente, que não deixem nem uma pendenga, prenda no compromisso, que não matem nem um bicho por covardia. Que não façam judiaria com filha de ninguém e se por bem não me entendem, já digo: Depois não venha se queixar se acaso a morte vier lhe encontrar e ficar uma aresta!

Pois sujeito que não presta, está cheio do outro lado. E não me faço de rogado para o esclarecimento, mando que tome tento e se encaminhe na vida. Que dê rumo aos acontecimentos e que não matem nem um sujeito de traição. Pois, tem vivente nesta vida, que não presta nem pra fazer sabão!!!


Mais um causo gaúcho.
Beijos, aos que visitam este espaço!


Acauso: Acaso.
Alma penada: Assombração.
Apinhada: Aglomeração, aglomerado, porção de coisas muito juntas.
Aporrinhar: Aborrecer, incomodar, importunar.
Aprumar-se: Melhorar de sorte de negócios, de saúde, de fortuna. Endireitar-se, arranjar-se. Pôr-se de pé.
Bacudo: Matuto, caipira.
Capataz:
Administrador de uma estância, responsável pela condução de uma tropa.
Correição: Grande quantidade de formigas.
Defuntear: Matar, assassinar. Terminar consumir.
Defunteiro: Pessoa que trata de enterros.
Enredado: Enleado nas rédeas, no laço, no amarrado. Emaranhado.
Espichar as canelas: Morrer.
Fatiota: Conjunto das roupas do homem: calça, colete e paletó.
Gavar: Gabar.
Lamúrio:
Lamúria, choradeira.
Penitente: Padecente, sofredor.
Piazito: O mesmo que piazinho.Piá pequeno.
Relancina: Relance, repente, rapidez, velocidade. Repentinamente.
Sentar o braço: Surrar, bater espancar, esbofetear, esmurrar.
Tomar tento: Tomar jeito, tomar um rumo, tomar uma direção.
Vivente: Pessoa, criatura, indivíduo.

sábado, 27 de setembro de 2008

Na ausência do calor...


Congelam-se as sementes, na dormência do inverno. Congela a mente, num momento profundo. Nos segundos em que passa e repassa, sem teclas para deletar, nem refrear ou mudar. Com o mesmo cenário, repete em vários atos, como se o fato, fosse um teatro, mas de somente uma cena.

Abrem-se as cortinas e seguem-se as falas, ditas no mesmo ritmo, revistas e entoadas no mesmo tom. E o som ecoa como disco riscado, um filme travado na mesma cena. Sem pena, a mente trás à tona, desta sina, de sete vidas que ninguém consegue matar. Num arfar de touro indomado, um passado num coração guardado.

Congela o pasto, o rastro, o espinho e a flor. Congela-se a dor, mas somente o calor do amor, tem o poder de degelar e curar.



Beijos, aos visitantes deste espaço!




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quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Tomando o que é meu


Gotículas de chuvas que caem, molhando meus cabelos, raios de sol que me banham a face. Um sorriso espontâneo vindo de um passante, um semblante sereno que confirma sua simpatia.

As manias que até gosto. Os dias que são amenos, com seus momentos de serenidade e uma verdade que não me abandona. A paz e meu equilíbrio, meu abrigo nas horas de solidão, o chão, o pão, meu alento, meu sustento que agradeço.

Meu apreço as amizades. A cumplicidade de minhas partes, a arte que produzo e os abusos das cores. Os sabores, as lutas que me engajo e o lado certo que opto.

O copo, do melhor líquido, que é a água cheia de energia. As aves com seus filhotes. Um amor ao longo da jornada, é mote para meus escritos. E na calada da madrugada, com seu manto de silêncio, o pensamento e a conclusão, que eu não tenho nada!



Beijos, aos visitantes deste espaço!






Imagem: Deviant Art

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

E o plantador, preparou a terra e orou...



“Terra bendita, que germina e ensina, tal cenário enternece e emudece. Em minha prece, na calmaria e na alegria desse dia, te peço bonança, com fé e esperança de que os brotos germinem. Respeitando a lunação, faço a plantação neste chão, onde guardo o que é mais caro, onde o sol espalha seus raios, onde peço que a chuva venha em tempo certo e assim encerro minha prece. Amém!”



Beijos, aos que visitam este espaço!



Foto: Heber Gracio
Olhares

sábado, 20 de setembro de 2008

Tudo prossegue...

Refazer faz parte do ser, temos as mesmas potencialidades, na verdade desconhecemos nossa força. A maior vitória está na autotransformação. Quando tentamos novamente com as experiências do que não deu certo, já é meio caminho andado para um bom resultado.

Mas esperar, que algumas coisas aconteçam sem nada fazer é querer sem merecer. A espera, pode deixar muitos frustrados e com tempo quase acabado, perceber que tudo que foi projetado na ilusão de ser feliz, só perdeu a oportunidade de viver e entender que a vida não se baseia somente no ter.

A responsabilidade ao seguir um caminho, sozinho ou acompanhado, deve ser avaliado.O passado trouxe resultado, o futuro dependerá dos caminhos que hoje estamos a percorrer. Sem saber, onde queremos chegar, jamais saberemos onde iremos parar. E como andar, depende de cada um avaliar.

E para seguir o caminho que resta, pode ser com paciência ou com pressa, com medo, com dinheiro ou sem dinheiro, em desespero ou no sabor da prosa, com tranqüilidade e serenidade. A escolha é nossa, o tempo é mesmo. Todo resultado que esperamos, bem como o que projetamos, nascem das nossas intenções, transformadas em ações.


Beijos, aos que visitam este espaço!


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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Porque te amo



Amo-te porque minha alma já te amou outrora. Fez-me esperar sua volta, te procurar a cada esquina, ouvir seus passos e caminhar para seus braços.

Amo-te porque minha alma sabia de sua existência, chorou em sua ausência, me fez recordar e querer te reencontrar.

Amo-te antes de ter nome e face, sentindo sua alma revelando-se num entrelace, entre sussurros e segredos chamando por mim.

Amo-te, porque meu corpo desejou estar junto ao seu, um sonho que jamais morreu na ânsia de poder te tocar.

Amo-te e tento imortalizar nosso amor, com calma através da escrita. Embora você, insista em dizer, que nosso amor já está imortalizado através de nossas almas.

Amo-te, embora não entenda o mistério, sei o que quero e respeito meu coração. E na perfeição da criação, o que Deus criou e moldou ninguém pode separar.





Beijos, aos que visitam este espaço!




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domingo, 14 de setembro de 2008

Ao segurar tua mão



Ao segurar tua mão um reconhecimento, como se o fato, pudesse revelar e o toque dizer: Enfim te encontrei! Não sei o que pensei, havia muitos sentidos envolvidos, nem você falou, calou e me olhou. O tempo parou. Enfim, estávamos juntos e nos segundos que se passaram, calados nos olhamos, depois selamos nosso encontro num abraço.




Beijos, aos que visitam este espaço!



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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

E segue o baile!!!


Imagine-se num baile, no qual você tenta dançar, mas às vezes pisa no pé de alguém, ou leva uma cotovelada. Às vezes nos chocamos com outros bailarinos, nos irritamos, xingamos, mas logo recomeçamos cheios de energia. Algumas vezes encontramos parceiros ótimos, mas às vezes ninguém nos tira para bailar. Às vezes dançamos sozinhos e felizes, fazendo especial o nosso momento. Às vezes, vamos tão bem, aí muda o ritmo e nos perdemos. Às vezes não nos acertamos ao ritmo do parceiro e pedimos para sentar. Alguns dizem não saber dançar e somente observam. Outros dançam ao seu próprio ritmo, sem se importar com quem olha, nem se está no ritmo certo. Uns cansam logo. Outros ensaiam, ensaiam, mas falta coragem para tirar alguém para bailar. Uns não gostam de dançar. Às vezes o salão está muito cheio, sem possibilidade de muitos movimentos. Alguns se especializam nesta arte e apresentam-se no palco.

Outros tentam tão somente acertar o passo em harmonia e com prazer, com seu parceiro. Assim me imaginei querendo participar da dança e observei os dançarinos, me identificando vez por outra, com circunstâncias iguais a muitos. E com alegria, dancei minha própria coreografia, em sincronia com a melodia captada pelos meus sentidos, no ritmo do meu corpo, acertei o passo, meu espírito sente-se feliz.


Escrito de 18 de abril de 1999.


Beijos, aos visitantes deste espaço!



Pintura do artista colombiano: Fernando Botero.

domingo, 7 de setembro de 2008

Ausência...


É morada abandonada, é tapera, é tristeza, é pedaço de nós extirpado, é filho roubado.É ver renegado o alento. É não ter o sustento, para matar a fome.

É ter nome, mas paradeiro desconhecido. É o abrigo que não se acha, é um tempo que não passa, é a vida que escorre no fio da navalha, é a falha do tecido, é o bandido cruel, é o fel de uma ausência.

É inclemência do senhor, é flor sem o beija flor, é a dor do amor que partiu. É rio, que as mesmas águas jamais irão nos banhar. É água que o mar, não tem onde armazenar.

É a planta que se esqueceu de brotar. É o ciclo interminável do broto que não vem, é viver sem o líquido mais precioso, é o gozo que fica na ânsia.

É ser criança que saliva de olhos vidrados. É a ruga no rosto do velho cansado. É o sinal apagado na pista de pouso. È a imbecilidade de dizer ao velho doente, que ele tem toda a vida pela frente. É dor da lágrima que cai, é vida que se arrasta. É madrasta.

É vida que se afasta, quando lá fora tudo parece ter lhe esquecido. É o negro sem lume, é a miragem, é o altar sem imagem. É seguir a estrada, sem saber aonde vai.

É a esperança que não sai, é filho sem pai. É berço embalado e vazio. É o frio, é lápide sem identificação. É o duro chão trincado, é o machado que corta a seiva. É o coma de olhos abertos, é o deserto.

É ter as asas partidas, é o espinho cravado, é o soldado solitário na vala. É dor que não cala. É o estandarte de um reino sumido. É zumbido e depois o gemido que sai da garganta, é o eco de um lamento profundo, sentido pela ausência.



Jamais podereremos medir a extensão da dor, de uma perda e de uma ausência.



Beijos, aos que visitam este espaço!


Foto: Ana Franco.


terça-feira, 2 de setembro de 2008

Tenho...


Tenho olhos marcados de horrores, lavados de lágrimas, emoções e partidas... Todavia, eu os tenho com o brilho das alegrias, das minhas gargalhadas e das minhas trapalhadas.

Tenho um coração cansado e machucado, de sofrimentos, de terríveis momentos, mas que bate resistindo, que não descansa; cheio de esperança.

Tenho um semblante forte, planos férteis e a coragem de muitas mulheres. E o que não tenho, eu faço, passo a passo.

Tenho marcas de lutas, de preconceitos que doem no peito, da rejeição marcada na feição, da tal de nata, que nem é de passar no pão. ( e que de tão azeda, virou manteiga).

Lembro a impressão que tive, do que foi me dito, por seres esquisitos, que falam sem reflexão, para depois em aflição, pedir perdão.

E meu nome, nem ainda sabia escrever, muito menos prever, a dureza de um ser.

Tenho enfim, a conclusão, de que a palavra pode matar e de que o sonho não deve acabar. Que em vez de chorar, passei a questionar. Que existem muitos dons, mentes e saberes diferentes, gente que mente e seres inconseqüentes...

Tenho observado que há uma longa distância, entre o discurso e a ação. Mas que toda ação é movida por uma intenção.

Tenho a inspiração, de tudo que já vivi e senti. Quadros pintados, cortina com babados, páginas de escritos e rabiscados.

Tenho a liberdade, tempo para aprender, alguns limites de visão, mas principalmente a compreensão, de que a vida não se baseia no “ter”.

Não se leva nada daqui, somente o que vai ao coração. E por mais que seja dura a lição, somos todos seres em evolução.

Tenho quase tudo: horas de espera, um baú de histórias, uma boa memória. Mas o que não tenho e espero, é vê-lo novamente no portão, um sorriso sincero e depois um abraço e ouvir teus passos, voltando para mim.

Beijos, aos visitantes!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Do que já falei...


Falei o que sou e o que sei, falei do que vi e senti. De lampião, de renovação e aflição, de livros e carta, de esperança e de lembranças da infância.

Falei da primavera, de dias banhado de nostalgia, que renasce a cada dia, regado de esperança na bonança de cada amanhecer. Da janela e de quem fica nela.

Falei dos jardins cuidados, as vezes abandonados e mal regados, nem sempre adubados, muitas vezes maltratados. Que há jardins de desamor, sem vida e sem flor.

Citei meus irmãos com suas amarguras, também almas puras. Que se interligam em pensamentos, de momentos, do sol, da chuva e da lua, do olhar e do mar.

Do que faz sentido e que é exprimido, de meus atos, falei de alguns fatos, pulei relatos. De amor e de sabor, acalanto, da alma e de calma, do que há no meu coração, dos que vivem em solidão.

Do Universo, de fonte e de afetos, de buscas e lutas, de rejeição e afeição. De desassossegos, apegos e medos. De faxina, da lamparina, que a vida ensina com rima ou sem rima, que se prolonga e alonga...

De pontos, de chita, de emendas e rendas, do machismo e do feminismo, dos incompreendidos, do tempo, de eventos, silêncios e excrementos.

P.S.: E, tudo isso que escrevi, na verdade foi para enrolar, pois quando escrevi esse texto, não sabia o que falar. Mas foi bom para você relembrar e eu dizer que estou aqui, pensando no que escrever. (Se pensam que aqui cabe uma gargalhada, saibam que é bem isso que estou fazendo)
Beijos!


Imagem: Getty Images

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Acalanto...


Intercalo o que acredito através da escrita, nem sempre com palavras bonitas, com algumas rimas e com clareza na luz de um pensamento.

E um vento, por vezes debochado assopra no meu ouvido, lembrando dias sofridos, que tento esquecer. E uma chuva infame molha o meu rosto, quando lembro dos desgostos dos meses de agosto, ou de setembro, pois já nem me lembro...

Não sei, por que só guardei o entendimento, pois para esses momentos, sempre tive um verso de uma canção, uma imagem bonita, a escrita e a reflexão. E guardado no fundo da alma, um sonho e uma esperança que aquecia meu inverno e que acalantava meu coração.

Esse sentimento libertário e nos cenários -simbolismos expostos- de imagens e cores; dos amores. Retalho fragmentos mesclando de tudo que foi um dia, do que vai a minha memória e da minha história, com o infinito para que tudo fique mais bonito, na calma dessa reflexão, com a firmeza na expressão, na palavra dita e pela escrita.

Tudo me transporta e me reporta, embora possa não fazer sentido, mas é meu abrigo para momentos em que estranho o tamanho da insensibilidade e a maldade do que me rodeia.

Anseio para que um novo dia venha, pois nem sei se isso tudo já foi escrito, se repito ou arremedo, mas escrevo e dou vazão; e a razão, por sentir na calma de uma reflexão, ressonância, tal como criança que canta em ciranda e na luz de um sorriso, faz mais um amigo.


Beijos, aos visitantes deste espaço!



Foto: Pedro Madureira.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Renovação...


Até as folhas das árvores se vão, em renovação, para a próxima estação. E a gente percebe que há ciclos e maturação.

E o que era já não é então. E tudo o que fomos não somos mais...

O ser inconstante, muda a todo instante. Desconhece-se e jamais saberá como reagirá, numa circunstância desconhecida.

Lembrar que a vida não é mais que uma passagem. Que a imagem que se projeta nem sempre é a que corresponde com a verdade.

Que lealdade nasce com a verdade de dizer somente aquilo que podemos fazer. E a contradição nasce por não se agir de acordo com o que se diz.

Que a renovação está em mudar, podar aresta e entender que o que está a nossa frente é a lição. Sem lamentação procurar a solução, refletir antes de agir. Pensar antes de falar e calar, se assim precisar.




Aos visitantes, beijos!




Imagem:Getty Images

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

O meu amigo, Quasímodo!


Gaúcho de nascimento traz a marca do tempo, de alguns cabelos brancos. E garanto que ninguém sabia, que o vivente tinha, um nariz de batatinha.

De chimarrão encilhado o dia inteiro, sempre pronto pra matear. Homem que sabe fazer economia, pois todo dia, as duas colheres de erva que usa, são colocadas pra secar no telhado, pra voltar no outro dia cedito, encilhar o chimarrão novamente.

Mas que falar, de um gaúcho tão bonito? meninas que acharam?


Beijos, aos que visitam este espaço!



P.S.: Amigo de verdade, que tenho imenso carinho. Inteligente, escritor, cantor, músico, homem de alma sensível às artes e a cultura. E que tem, um ótimo senso de humor.


sábado, 16 de agosto de 2008

E...


Existe, além do sim e do não, algo que se chama compreensão. Para alguns, difícil muitas vezes entender. Pois compreender, depende muito do ser e de mudar a forma de pensar.

Nem sempre falar, faz alguém acreditar. Às vezes é melhor deixar o tempo passar. Nem adianta tentar demonstrar, se alguém não sabe aceitar, e muito menos pensar...

Para alguns basta um olhar, nem precisa falar. Para outros, uma vida inteira não basta para ver. O tempo pode acabar e o entender, pode nunca acontecer.

Mais uma conjectura, para acordar os sentidos adormecidos, vislumbrar horizontes, sentir que a fonte do pensar, jamais deve cessar.




Beijos, aos visitantes!




Imagem: Getty Images

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Nem morta, eu volto de charrete !!!


Sabe astro, estávamos as quatro na charrete, indo para um picnic: eu, Fá, Coração e a Lu.

Claro, eu na pontinha quase caindo fora...me segurando igual cachorro em mudança...Uma perna pro lado de fora, a língua no canto da boca...Elas tagarelando e eu preocupada em me manter na charrete... E elas perguntando, entre um solavanco e outro: “ Né Milly?”
_E eu...”Humrum, é, sim!”
Sem nem saber o que, mas não querendo me distrair para não cair e ficar pelo caminho...Depois astro, está me escutando???

-óinc

Então, veja bem...Depois tentando arrumar tudo pro picnic... Tirando formigas, espantando abelhas...e pensando num jeito de ficar no meio delas, na volta para casa....

Nem morta eu volto sentada na beira da charrete!!! Já chega na ida afff...

Ah! E toda vez que ia abrir minha boca para pedir para voltar sentada no meio do banco, uma delas dizia:
_ Milly!!! Olha a abelhaaaa...

Eu que nem sou de falar muito, está me entendendo astro? Querido da madrinha, como estas fortinho! E ainda bem que estas me levando, pois eu de charrete não volto!!!

-óinc...óinc...

Vamos que vamos, meu afilhado...Que amanhã é outro dia!
O sol voltará...os cães latirão...e a charrrete passará, mas nela nunca mais quero embarcar!!!


Mais uma estória da Milly, que rendeu boas gargalhadas. Eu não inventei uma vírgula! Né parceira, que foi bem assim?

Beijos, aos que visitam este espaço!



Obra da artista:Theresa Chinea

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O meu jardim!




Imagem do meu jardim, um canteiro de kalanchue, que divido com os meus amigos e visitantes do Laços do Meu Infinito.

Vejo que sempre gostei de caminhos e cantinhos harmoniosos, com plantas fazendo detalhes encantadores. Perco-me nas horas, bolando mais um detalhe aqui, outro ali...

Mas, nem inço que eu transplantava lá nos dezoito anos, vingava. Persistente, continuei a plantar até tomar jeito e entender as plantas. E continuo aprendendo, a natureza é a melhor escola.


Aos visitantes deste espaço, beijos!




Fotógrafo: Meu filhão
Imagem: Extraída do meu jardim.

domingo, 10 de agosto de 2008

Na luz da vela acendida...


O frio quando chega para alma e o medo traz, a escuridão se faz. Na negritude, tal como a calada da noite, são para a alma como açoites. Dói tão profundo, que muitos preferem não andar mais no mundo.

Sofrendo na imensa escuridão, não conseguem achar a saída, nada traz mais sentido para a vida.

A razão nos diz que, onde há escuridão, somente a luz trará a visão.

Podemos ser a vela acendida, para levar a luz e energia para outras vidas. E comungar no mesmo desejo, de levar por qualquer lugar que se vá, a luz e a energia do amor, seremos várias velas acendidas.

Buscando na fonte, no Universo que nos permeia a energia do amor, com a intenção de ser um doador, sem discriminação, trará a evolução. Você pode não dizer, mas outras almas irão perceber. Assim como se pressente e sente, a energia de quem chega até nós.


Beijos, aos que visitam este espaço.


Imagem: glimboo

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Meninas...Cheguei!!!


Tinha prometido para Lu, que viria... E chego encontro a Lu, as voltas correndo atrás do “ astro”.

Minha agenda está sempre lotada, mas tirei uma folga e estou aqui para deixar um beijo em cada uma, desejando sucesso a todas!

_ Anee, doutora linda! Prometo ser sua inspiração!

_Milly! Catarinense linda, tu és um encanto. Uma pena ser tão quietinha.

_Fá... Linda!!! Aquela franja e aqueles olhos...hummmm

_Betania Maria! Vim de camisa azul, para combinar com seus lindos olhos!

_Uns! Esquece aquele sapo, serei seu eterno príncipe!

_Betin@! Mulherão!!! Linda demais!

_ Coração! Queria ser o motivo de seus longos suspiros!

_ Renata... Aquela sua foto, nossa!!!

_Filó! Quer mais um gato? Tô na área!

_Ray...ô Ray! Terás mil motivos!

_Kiara! Bem vinda!



Um beijo em cada uma e flores para todas!!!
Saudações aos homens.


P.S.: Ai, ai...Estou até emocionada. Não foi fácil conseguir trazer o lindão do Gianecchini, espero que tenham gostado!

Beijos, a todos que visitam este espaço!

Imagem: glimboo

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Óinc...Óinc...



Xô meu porquinho, xô...

Xô meu porquinho, cuidado a suspirenta chegou!!!
-óinc, óinc, óinc

E ainda tem mais aquela outra, a tal Milly que é assim ó, com ela...
Vão querer te levar pela corda!!!

-óinc, óinc, óinc


Cadê meu guarda chuva???
Será que emprestei? mas pra quem???

Mimosaaaaaaaaaa...
Onde essa vaca se meteu???



P.S.: Essa é a imagem, que retrata as brincadeiras do mundo virtual. Imagem que foram criando e sugerindo, só faltou o guarda chuva. Mimosa, minha vaca fictícia que já emprenhou, já foi feito batizado do bezerro e até padrinhos teve. Estórias, que já renderam muitas gargalhadas.


Fotografia de: Alfredo A. C. da Cunha
Olhares.com


terça-feira, 5 de agosto de 2008

São meus irmãos...


Que chegam com suas estranhezas e suas incertezas. Com vontade de sonhar e cantar, com seus afetos prediletos, com seus medos e enredos, perdidos e sofridos...

E chegam meus irmãos, pedindo perdão as palavras duras pela sua falta de compostura.

E são meus irmãos, olhando através da cortina a esquina, onde vivem ausentes longe da gente...

Na paz desse momento, ou por qualquer lugar que ande, almas se expandem. Na luz de seu olhar para o mar, em seu clamor pelo amor, na beleza do beijo de um beija-flor.

Uma vertente escorre, lavando a alma na calma de mais um pensamento. De um momento de saudade, dessa irmandade dos filhos da eternidade.


Beijos, a todos que visitam este espaço.


Imagem:Olhares.com

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Silêncio...


Preciso navegar no Silêncio, para ouvir meus pensamentos, ouvir minha alma e ter calma para entender o momento.

Gosto de vadiar no silêncio, rabiscar e juntar palavras, sem muito critério, nem muito mistério. Soltar as asas do meu pensamento, sem regras a seguir para exprimir o sentir.

O que se sente, vem logo à mente. As palavras vão vertendo, como uma torrente querendo seguir em frente.

E a gente sente mente com mente, quando uma frase faz sentido, falando de sonhos, apegos, desassossegos e lampejos de um sentir profundo, do que nos toca a fundo e de que muitos sentem.

Das palavras que emanam em sintonia perfeita, quando se entende e aceita, que não existem acasos. E um pensamento se interliga, a outras almas presentes no caminho da gente.



Silêncios não são em vão, são necessários para ouvir o coração. Beijos!


Espero ter traduzido, o que tantas vezes falamos, viu parceira?

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Jardim d'alma...


Quando o sol na manhã pousa seus raios, nas margaridas faceiras, nas begonhas risonhas, nos amores perfeitos e flores de todo jeito, é o jardim da vida reflorescendo, na esperança de cada amanhecer.

E quando os novos brotos surgem é a natureza que agradece, como uma prece.

Aos olhos humanos, é o paraíso. Um recanto de encanto. E sentar num banco apreciar seu colorido, é ver que tudo faz sentido.

É entender que o belo foi criado e nos foi presenteado. É sentir o infinito e ver que tudo fica mais bonito, com a delicadeza da flor.

É sentir a energia do amor, a calmaria e a alegria de mais um dia. É comungar calado. É entender um jardim espelhado, que traz de volta do passado, tudo que foi plantado.



Jardim é o meu refugio de paz, é minha oração em forma de ação.

Obrigada, a todos que visitam este espaço, os comentários e às gentis palavras de incentivo.
Beijos!


sábado, 26 de julho de 2008

O sol...



Lamparina incandescente e luz sempre presente, iluminando a vida da gente. Nesse imenso universo, és tu radiante que dá vida pulsante.

Exemplo de amor incondicional, que dá aos bons e aos maus, seus raios de luz e calor, aquecendo e envolvendo, iluminados e apaixonados, ricos e pobres, simples ou nobres.


A todos que visitam este espaço, beijos!

Imagem: glimboo

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Lua...



Lua inconstante, de fases e formas. Lua brilhante, que inspira os amantes, as palavras do poeta e as serestas.

Lua companheira, dos sem eira nem beira, dos que vagam errantes por caminhos distantes...

Lua, que rege as semeaduras, as marés e as falas dos pajés.

Lua testemunha de abraços e beijos, sussurros e segredos, que faz a sereia cantar e que banha o mar.

Lua de prata, para quem o céu veste-se de negro, para vê-la brilhar.


Beijos, a todos que visitam este espaço.


Imagem: Deviant Art

domingo, 20 de julho de 2008

Um olhar...




Pode trazer humildade, fraternidade, doçura e brandura. Pode trazer julgamento e maldade, ousadia e covardia.

Pode dizer mil coisas, refletir o que vai à alma, calma, paz, flertar e encantar, assustar e afastar.

Pode ser frio, duro ou inseguro, ser triste e ausente, pode ser franco e sincero, sério e carregado de mistério.

Pode dizer simplesmente, te quero!


A todos que visitam este espaço, beijos!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

A janela...


Donde se vê os passantes, que vão e que vem em busca de alguém. Dos que passam apressados em direção ao mercado, dos que passam com graça em direção à praça, das mãos estendidas pedindo comida, dos que pedem pão e recebem um não.

Testemunha da volta do soldado, do olhar do abandonado isolado, do doente sem gente. Das lágrimas e dores, dos que perderam seus amores, do velho cansado relembrando o passado, do olhar do aflito olhando o infinito.

Na moldura da janela, o cotovelo da velha, da vizinha mirando a esquina, da menina inocente olhando a casa da frente, da mulher curiosa escutando a prosa, da mãe aflita e da espera de visita. Da mãe tristonha, da filha risonha, da moça bonita com seu vestido de chita, da moça de trança cheia de esperança.

Portal do luar e do ar, visão do tempo e do vento, que embala a cortina, da sina de qualquer janela que guarda e que vela.

Marcada de história, de gestos e cenas, de horas e vidas, de adeus e partidas.

Memórias de risos, de pranto e de espera, da ausência do amado, um retorno ao passado e de tudo que vejo, da minha janela.




A todos que visitam este espaço, beijos!


domingo, 13 de julho de 2008

Ponto a ponto...



Emendo os dias, costuro desejos, acrescento anseios aos entremeios e o manto se faz. Colcha de pano feita de anos, de dias de alegrias, das horas vagas, das mágoas...

Cada pedaço traz momentos vividos, frios desgranidos, desalentos, pensamentos, lamentos de todos os tempos, de quem era, primaveras...

Mais um pedaço ali, outro aqui, junto os dias que muito ri aos que me perdi...

E mais uma tira de pano, dos anos, das cenas de quando era pequena... Mais colorido de flores, de abraços e penas, da mulher serena, das horas amenas.

Cubro-me com ela, cerzida de história em minha memória... Junto adereços meu apreço a quem amo, trama de pano.



A todos visitantes, beijos!

Imagem: Glimboo

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Quem vem lá???

Que trazes?
Romance inacabado?
Papo enrolado?
Sapo entalado?
Olhar vago?

Quem vem lá?
Mais um contador de história?
Com boa memória?

Um visitante afobado?
Um entediado?
Ou um anjo apaixonado?
Quem vem lá?

Um sofrido?
Um perdido?
Chega de rima!!!


Bem vindos, beijos e sintam-se em casa!


Imagem mandada por um querido amigo. Não deixei por menos e escolhi uma bem linda para ele. Mas cadê o queixo da velha?

domingo, 6 de julho de 2008

Almas que se amam...


Quando almas se amam nada é maior, nem vidas apagam o seu desejo de reencontro... Definir tais laços com palavras torna-se muito difícil, mais fortes que os laços sangüíneos, os laços espirituais, transcendem o tempo e vidas e se aproximam de uma forma única!

Que força estranha, que mistério profundo, que magia em nossa criação, que nos faz tão necessitados de nossa outra metade.

Quando me perguntava de como seria a pessoa que buscava, não sabia explicar. Sabia somente que não havia encontrado, mas que um dia o acharia!


Eu e minha alma, por muito tempo sofremos, não entendia sua necessidade, mas minha alma, sabedora de sua existência, clamava sua presença... Era como se o ar que eu respirasse não enchesse meus pulmões, faltava literalmente um pedaço de mim!

Com uma saudade imensa, algo que me fazia ao mesmo tempo rir... Pois me dividia em duas, olhando para mim mesma que chorava, e perguntava: mas saudade de quem? Ah, como poderia responder? Queria traduzir em palavras de forma consciente, tamanha necessidade de tê-lo, mas não encontrava, não existiam definições plausíveis dentro de meu vocabulário que traduzissem a profundidade infinita de meus sentimentos... Partir dessa vida sem tê-lo junto a mim, era um desperdício de uma existência...


Beijos a todos que visitam este espaço!


Imagem: Getty Images

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Ao encontrá-lo...

Recados e Imagens - Arte - Orkut

Era como se ele lesse meus pensamentos, dizendo exatamente o que eu pensava e o que eu sentia. Foi como já o conhecesse a vida inteira, nada foi estranho... Era, como se ele tivesse ido logo ali e voltado. O abraço era do tamanho do meu, absurdamente perfeito, natural e conhecido.

Ele descrevera nosso encontro, suas palavras eram lindas, saboreadas instante a instante... Dissertadas com uma profundidade inebriante, registrando o momento único de um encontro pleno de mentes, corpos e espíritos...

Foi assim que nos desejamos...
Em plenitude vivemos aquele momento, que nossas memórias jamais apagarão...



Uma história de amor, com laços fortes... Quem sabe um dia transcreva...

Beijos, a todos que visitam este espaço!

domingo, 29 de junho de 2008

Vestido de noiva preto

Sempre gostei de olhar fotos antigas de parentes, já que convivi muito pouco com os meus. Não tenho referencias dos meus antepassados, meus avós maternos foram os únicos que conheci. Minha Großmutter (avó) não falava a língua portuguesa e meu Großvater (avô) falava em português, mas com dificuldades.

Em algumas fotos de casamentos, as noivas trajavam vestidos pretos. Pedindo a minha mãe o porquê, ela respondeu (como sempre) com uma longa explicação: Naquele tempo se casava de preto.

Muito bem, resolvi descobrir se alguém sabia. Todavia, a todos que pedi diziam desconhecer o porquê que antigamente se casava de preto. Resolvi pesquisar e encontrei algumas explicações. Até o fato de que no período medieval o senhor feudal fazia uso da prima notte, ou seja, ele teria direito à primeira noite da mulher do seu servo. Por isso como forma de manifesto, a noiva se casava de preto.

Mas a explicação que acredito ser a verdadeira, é que as noivas passaram a se casar de preto por motivos econômicos, uma vez que o vestido dessa cor teria muito mais utilidade que o branco. Poderia ser usado mais vezes e também pelo fato do vestido branco encardir ficando feio, visto que na época não existia calçamento ou asfalto e muito menos o tal sabão em pó e alvejante.

Somos descendentes, a maioria aqui do sul de alemães e italianos, etnias que predominam. E a maioria que aqui aportaram, ou quase todos, aventureiros em busca de uma vida nova, a realeza e os brasões não fazem parte de nossas famílias. Ainda, além de aventureiros alguns fugitivos, que chegando ao Brasil mudaram seus nomes, o que dificulta muito descobrir a descendência e buscar as raízes...


Aos visitantes desse espaço, beijos!




Foto do casamento, de uma tia e madrinha de minha mãe.