
É estranho como as recordações estão todas bem ali. São momentos que a memória arquiva, docemente e de tal forma, que fechando os olhos vemos fatos e pessoas que fizeram parte dos mesmos. A neve, os dias frios, o fogão à lenha...
A galochinha para o barro, o primeiro sapato, as chinelas havaianas, que misteriosamente encolhiam e nos deixavam de calcanhares de fora.
As festas da igreja eram que esperadas com alegria, oportunidade que tínhamos de tomar uma gasosa e comermos bolos recheados com o que se tinha disponível na época: pó de chocolate, “Ki-suco” e groselha. Confesso que tenho saudades, eram deliciosos!
Lembro-me perfeitamente da capa da minha primeira cartilha. Era linda, com rosas vermelhas bem pequenas e o fundo todo prateado. Soletrar a cartilha era muito divertido “ba, be, bi, bo, bu; ca, ce, ci, co...” e parava por aí, menos as gargalhadas.
A felicidade do primeiro sorvete, junto à frustração de vê-lo cair no chão depois de um tropeço, sem ao menos haver provado. Quando olho a foto da minha primeira série, vejo uma menina sorridente, dentuça e feliz. E feliz de quem tinha uma boneca com cabelo!
Os causos contados (geralmente à noite) pelos mais velhos, eram de ficar de olhos arregalados. Logo depois que um terminava, outro dizia “mas isso não é nada...” e contava um mais apavorante ainda. Ficávamos cheios de medo de voltar para casa apenas com o lampião que pouco iluminava.
Ainda posso ouvir o som que faziam as correntes nas rodas dos carros, em dias de chuva e barro.
Ainda posso ouvir o som que faziam as correntes nas rodas dos carros, em dias de chuva e barro.
Acreditávamos em Papai Noel até bem tarde e qualquer travessura era motivo para que viesse a ameaça de que ele não fosse trazer presentes. A expectativa aumentava durante o ano inteiro e esse era o nosso assunto predileto. Sonhávamos com o que iríamos pedir e ganhar. Claro que só os ganhávamos depois de contar como tínhamos nos comportado durante o ano todo. Além da bengala e do saco de presentes, ele trazia uma varinha, a qual deixava bem claro que seria usada, caso fosse necessário.
Era tão bom acreditar e sonhar com a chegada do Papai Noel. Parece que tudo perdeu um pouco da graça depois que deixamos de acreditar e soubemos que aquele velhinho barbudo e bondoso que esperávamos o ano inteiro, na verdade não existia.
São doces lembranças...
Passeamos nas recordações e nos detemos em alguns dos acontecimentos. É inevitável deixar que o sorriso apareça. Era uma fase preciosa, em que nada sabíamos e o mundo, para nós, era somente o lugar onde vivíamos.
Passeamos nas recordações e nos detemos em alguns dos acontecimentos. É inevitável deixar que o sorriso apareça. Era uma fase preciosa, em que nada sabíamos e o mundo, para nós, era somente o lugar onde vivíamos.
Beijos a todos que visitarem este espaço!
Imagem: Getyy images